segunda-feira, 4 de maio de 2015

Violet bateu a porta do carro, fechando os olhos quando ouviu o barulho irritante nos seus ouvidos. Naquele dia, sua cabeça parecia explodir a cada mínimo barulho, e isso não era nada bom levando em conta que ela tinha um relatório enorme para entregar, e muito trânsito pela frente. 

Acelerou o carro, colocando dois comprimidos para dor de cabeça na boca e engolindo-os a seco. Fez uma careta enquanto sentia os remédios descendo por sua garganta, os dois ao mesmo tempo. 

- Tudo bem, tudo bem. Vai dar tudo certo, vamos lá Violet - falou consigo mesma, parando o carro no sinal. A sua frente se via um cruzamento, os carros passavam à toda velocidade por seus olhos. Seus pés batiam impacientes no chão do carro, e ela estaria atrasada se não chegasse em seu escritório em exatamente vinte minutos. Violet se abaixou para ligar o som do carro, deixando com que a música invadisse lentamente seus ouvidos, acalmando-a pelo menos um pouco. 

Do outro lado do cruzamento, um carro preto vinha a toda velocidade, dentro dele, um sorriso brincava nos lábios do homem de cabelos pretos. O vento bagunçava seu topete levemente, quase apagando o cigarro que repousava agora em sua mão esquerda. 

Pelo retrovisor, ele podia ver a viatura policial se aproximando cada vez mais, o barulho ensurdecedor das sirenes brincando em seus ouvidos. O sinal fechou a sua frente, mas ele não podia simplesmente parar agora. Sem diminuir a velocidade, ele passou pelo sinal cantando pneus. 

Violet suspirou quando o sinal abriu, metendo o pé no acelerador com força e arrancando com o carro sem ao menos olhar se era ou não seguro. O momento seguinte se passou lentamente por seus olhos, o carro preto vinha em alta velocidade, suas mãos agarraram com força o volante, seus pés voaram contra o freio, mas era tarde demais. 

Ela sentiu o baque contra o seu corpo, o airbag bateu em seu rosto com força. Violet podia sentir o sangue escorrendo sem parar por sua testa, uma dor latejante se instalara em sua perna, como se algo a estivesse perfurando constantemente. 

Sua visão estava turva, e seu corpo pressionado contra o banco pelo airbag fazendo com que o mesmo não pudesse ser movido sem alguma ajuda. Violet podia sentir que aquele era o seu fim, seus olhos se fechavam aos poucos e no fim do túnel não havia nem uma faísca. 

Foi quando ela pensou que morreria ali mesmo, que sentiu duas mãos entorno de seu corpo, puxando-a para fora do carro, tirando-a daquele sufoco. O cheiro de cigarro invadiu suas narinas, mas ela sabia que um policial não deveria fumar. Antes que pudesse entrar em completo desespero, seus olhos se fecharam lentamente, o cheiro de cigarro e perfume barato já não podia mais ser sentido. 

Zayn carregava o corpo da garota sem o menor cuidado, abrindo a porta de seu carro com apenas uma mão. Ele acelerou o mesmo, não se importando com o estado deplorável que se encontrava por conta do forte impacto contra o carro da garota em seus braços. 

Acelerou o veículo, as sirenes ainda podiam ser ouvidas, mas eles ja não se preocupavam mais com ele devido ao enorme acidente que ocorrera atrás de si. Um suspiro caiu de seus lábios enquanto olhava para a garota ao seu lado, um filete de sangue escuro escorria por sua testa, e sua perna parecia quebrada ao primeiro olhar. Zayn se sentia culpado, não podia negar, mas não ir parar na cadeia era mais importante do que a vida de uma mulher qualquer. 

Mais duas horas de carro, e eles chegaram ao lugar onde Zayn visava desde o começo. Tirou Violet do carro de qualquer jeito, não se preocupando em fechar a porta do mesmo enquanto andava até a luxuosa casa à sua frente. Ele esperava que a garota acordasse na próxima hora, ou ele teria problemas. 

(...)

Violet sentia sua cabeça latejar mais do que o normal quando abriu os olhos, ao olhar em volta, não reconheceu o lugar onde estava. Tentou se levantar, mas a dor latejante em sua perna a impediu de tal coisa. Sua cabeça estava uma grande confusão. 

A mulher se perguntou se morava ali, se aquele era o seu lar, se perguntou também como seria o seu nome, na verdade ela não se lembrava de absolutamente nada. 

Vasculhou o quarto todo com os olhos, mas não havia nada que ajudasse em alguma coisa. Se levantou com esforço, seus olhos se enchendo de lágrimas por conta da dor em sua perna direita. Ela mancou até a janela, e qual não foi sua surpresa ao olhar para fora da mesma e encontrar apenas uma grande extensão de verde por todo o lado. 

- Vejo que alguém acordou. 

Violet se virou, seu coração palpitando contra seu peito por conta do susto. Um homem se encontrava encostado contra o batente da porta, uma xícara do que ela imaginou ser chá na sua mão direita. 

- Quem é você? - ela questionou, a voz rouca por conta da dor.

- Não sei se posso te contar, eu ainda não sei o seu nome - o homem revidou, sorridente como sempre. 

- Bom, eu também não. Acho que estamos na mesma situação - ela falou, vendo o sorriso do homem se desmanchar. De todas as pessoas do mundo, ele sequestrara uma garota sem memória, sem identidade. Uma vítima inútil.

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