One Direction Fever

Claire POV

Acordei em um pulo, suando frio. As drogas dos pesadelos de novo, eles nunca passam. Toda noite é a mesma coisa, sempre me lembrando daquela noite.

Dez anos atrás

- O que você está fazendo ?- Eu corria atrás de Rachel, rindo.

- Eu estou ouvindo vozes, acho que o papai está em casa hoje.- Ela sorriu, me puxando escada à cima. Alguns passos antes da porta do quarto dele, se podiam ouvir os gritos. Rachel foi até a porta, abrindo uma pequena fresta da mesma para espiar.

- O que você está fazendo ?- Questionei, aflita.- Eles vão te ver.

- Fica quieta Claire, eles só vão nos ver se você ficar fazendo barulho.- Ela me repreendeu, fazendo-me revirar os olhos. Me coloquei na ponta dos pés, para poder ver melhor o que ocorria.

- VOCÊ É UMA VADIA, NÃO SEI COMO ME CASEI COM VOCÊ!- Meu pai gritava, com sua sempre fiel garrafa de whisky na mão.

- Não grite, as crianças vão ouvir.- Minha mãe mantinha a voz calma, como se não se importasse com o homem bêbado à sua frente.

- EU NÃO ESTOU NEM AÍ PARA ESSAS GAROTAS IDIOTAS! VOCÊ VAI APRENDER A NUNCA MAIS ME DESAFIAR SUA VAGABUNDA!- Ele andou em direção à minha mãe, jogando a garrafa contra a parede. A mesma se quebrou ao meio, me fazendo dar um pequeno pulo de susto. Vi quando a mão direita de meu pai se chocou contra o rosto dela repetidas vezes, ele a puxou pelo cabelo, jogando-a contra o guarda-roupa. 

- Pare com isso.- Minha mãe implorou com a voz fraca, mas o homem a sua frente apenas riu sarcasticamente antes de levanta-la pelo pescoço, enforcando-a. Eu observei-a se debater, um pouco antes de suas mãos voarem para o rosto de meu pai, estalando um tapa forte. Ele se afastou, seus olhos cheios de raiva. Seu olhar parou no outro lado da sala, na garrafa quebrada. Eu já sabia o que ele ia fazer, a única coisa que queria fazer era fugir, correr dali, mas eu estava paralisada, meu músculos não obedeciam o meu cérebro. 

- Gostaria que suas filhas estivessem aqui, para ver o que acontece com vadias como você.- Ele pronunciou enquanto pegava a garrafa, rapidamente andando para perto dela. Suas mãos foram rápidas, descendo para seu peito e cravando a garrafa ali repetidas vezes, o sangue jorrava pelo quarto, e foi nesse momento que eu resolvi correr. Minhas perna se moveram e eu puxei Rachel para longe do quarto o mais rápido possível.

- Ei, olha para mim.- Rachel pegou meu rosto coberto pelas lágrimas entre suas mãos, forçando-me a olha-la.- Vá para o quarto e arrume suas coisas, nós vamos embora agora.

- Mas...

- Vai!- Ela ordenou, me interrompendo. Subi as escadas o mais rápido possível e me direcionei ao guarda-roupa caindo aos pedaços, pegando a pequena mochila da barbie. Coloquei todas as roupas que consegui dentro dela e sai do quarto, encontrando Rachel.

- Vamos logo.- Ela colocou minha mochila sobre os ombros e saiu me puxando até a saída.

- Onde vocês vão ?- Aquela voz me fez parar, olhei para trás encontrando o homem o qual a momentos atrás estava matando a mulher mais importante da minha vida. Suas roupas cheias de sangue me fizeram estremecer.

- Nós vamos embora, seu velho nojento.- Rachel cuspiu as palavras, fazendo-o gargalhar.

- Vocês não vão embora, subam para o quarto agora.- Ele apontou para as escadas, eu me apressei em obedece-lo, mas Rachel segurou minha mão, puxando-me de volta.

- Fique aqui.- Ela falou para mim, largando as mochilas ao meu lado e andando até meu pai.

- O que você vai fazer garota ?- Ele sorriu sarcástico.

- Eu vou matar você.- Ela levantou a voz, e em segundos ele estava no chão, Rachel havia pulado em cima dele e agora estavam rolando pelo chão como dois animais.

- Rachel, para com isso!- Gritei tentando chamar a atenção dela, mas não adiantou, eles continuaram do mesmo jeito. Foi quando as mãos dele foram para o seu pescoço que eu me desesperei, eu não aguentaria ver toda aquela cena de novo.

- Vai embora.- Rachel pronunciou as palavras com dificuldade, mas eu apenas neguei com a cabeça, desesperada. Vi seu rosto perder a cor aos poucos, ela estava perdendo sua vida. Eu tinha que fazer alguma coisa. Meus olhos correram por toda a sala, até parar na mesa enferrujada no canto dela, corri para lá tentando soltar o pedaço de ferro quase caindo. Olhei para trás ele continuava a enforca-la e agora seus olhos já se fechavam, sem pensar muito chutei o ferro com força, fazendo-o parar um pouco distante de mim. Corri para pega-lo e me voltei para meu pai, fechando os olhos antes de bater o ferro na sua cabeça com a maior força que pude, seu corpo foi ao chão, o sangue se espalhando por toda parte. Rachel me fez sair do transe, ela tossia sem parar, ainda fraca.

- Rachel ?- Me ajoelhei ao seu lado, ajudando-a a se sentar.

- Vamos sair daqui.- Sua voz saiu fraca. Rachel se levantou, me puxando junto com si para a porta, peguei as mochilas com apenas uma mão, acompanhando-a.

- Rachel!- Chamei-a, desesperada. Mas ela apenas me ignorou.- Rachel!

- O que foi ?- Ela se virou para mim, gritando. Meus olhos se encheram de lágrimas e ouvi-a suspirar, se acalmando.- O que foi ?

- Onde vamos ficar agora ?

- Eu não sei meu anjo.- Ela passou a mão carinhosamente por meus cabelos.- Mas a partir de agora, tudo vai ser diferente. 

- Diferente como ?

- Apenas diferente.- Ela disse e continuou andando, sendo seguida por mim. Tempos depois eu descobri que aquele diferente era uma coisa totalmente fria e obscura. O diferente se tornou uma obsessão em busca de vingança, um jogo... onde existia apenas um vencedor.